sábado, 2 de outubro de 2010

Guerra de quadrilhas, arrastões, balas perdidas e vítimas da violência policial: Um Rio que não muda

A guerra entre bandidos em Santa Cruz, a retomada da favela da Palmeirinha pelo tráfico depois da desarticulação da milícia local, o tiro disparado por policiais em um juiz durante uma blitz hoje e os constantes arrastões no estado do Rio de Janeiro nos revelam algo triste. Apesar de toda euforia em torno das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), percebo que nada mudou no cenário de segurança do Rio de Janeiro.

A esmagadora maioria das favelas do Rio de Janeiro ainda precisa viver entre uma das opções: a milícia ou o tráfico. Nada mudou em relação a 1994 e 95, época da Operação Rio, de ocupação militar das favelas. Diria até que o Rio piorou de 94/95 para cá, porque as milícias surgiram como um novo agente no caos criminal fluminense.

Naquela época, assim como hoje, o povo e os governantes acreditavam que podiam resolver um problema social com ocupação das favelas. De lá para cá, devem ter ocorrido umas 3 mil ocupações militares (incluindo aí as policiais) temporárias ou permanentes de favelas, e nada mudou.

Continuamos sem poder entrar nas favelas sem precisar pedir autorização para uma liderança criminal local. Continuamos com o constante risco de sermos atingidos por balas perdidas no nosso estado.

Continuamos sem poder trafegar por nossa cidade e por nosso estado sem ter o risco de ser abordado por bandidos armados nas ruas do Rio de Janeiro. Continuamos sem poder estacionar nosso carro nas ruas, porque há o risco de serem levados ou arrombados em plena luz do dia.

Continuamos sem poder andar com objetos de valor em coletivos do Rio de Janeiro porque, a qualquer momento, podemos ser abordados por uma arma e sermos roubados. Continuamos sendo possíveis alvos de policiais despreparados.

Os tiroteios e guerras entre quadrilhas continuam em todo o Rio, com o agravante de que, agora, 15 anos depois, o interior também sofre. Volta Redonda, Resende, Teresópolis, Angra dos Reis, Cabo Frio, Macaé, Campos, Rio Bonito sofrem com guerras entre quadrilhas.

Assim, como aconteceu no resto do Brasil, o crime se interiorizou no Rio de Janeiro, e não vem tendo qualquer atenção das autoridades de segurança. A questão só piora (apesar de índices criminais suspeitos, provavelmente manipulados por um governo em busca de reeleição mostrarem melhora).

A história recente do Rio de Janeiro é marcada por operações e ocupações militares de favelas (sempre restritas) e sem qualquer resultado prático. Mas todos comemoram uma política de ocupação (UPP), sem se preocupar em reformar nossas instituições, política e sociedade.

Sem querer ser exagerado, em 2025, estaremos discutindo os mesmos problemas, pedindo as mesmas ocupações e sofrendo a mesma violência.

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